terça-feira, 30 de setembro de 2008


Um vez era uma menina
Que Maria se chamava
- Quanta preguiça, menina Maria!
Todo mundo se reclamava
E ela dizia toda dengosa:
"Não entendo o seu reclamar
Nem é que eu seja preguiçosa
Só não tenho pressa de chegar.
E aproveitando do momento
Vou, baixinho, lhe falar
Dê mais leveza ao movimento
E ande sempre devagar."
E quando atrasada, sorria.
Desapressada a ser arrumar
Falava "Deixe de agonia
Que eu termino já já."
Um dia avistei a menina
sentada, triste, a cantarolar
Perguntei: - Que tens, Maria?
Que tanta tristeza em teu cantar.
Desconsolada... serena...
Ela falou e sorriu
"Fui escrever tão belo poema
mas a caneta caiu".


segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Olhos que vêem, olhos que sentem
Há olhos de primeira vista
E os que vêem novamente
Há ainda os olhos que amam
Estes vêem mais profundamente
Um novo amor pela mesma amada
A cada manhã de sol nascente
Os olhos que choram não são os mesmos
olhos que brilham de contentes
Eles vêem por detrás das lágrimas,
as mais límpidas e decentes,
O que não vêem os olhos alegres
de tão alegres e sorridentes.

sábado, 13 de setembro de 2008

Não sei se vou te amar
por toda a minha vida
E quem dirá?
Que em cada despedida
vai chorar
desesperadamente...

(Ele amou nove vezes, por toda a vida. Chorou em cada uma das nove despedidas, deseperadamente. Concordo com o Pessoa: O poeta é um fingidor. Ele finge, mas não mente. Jamais discordarei do que Vinícius sente).

"Eu Sei Que Vou Te Amar - Vinícius de Moraes"