quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

mandei embora um passarinho
e ele se foi a voar
agora quem me acordará devagarzinho,
antes da hora de acordar?
quem vai me falar de fininho,
a piar, a levitar?
quem vou cuidar direitinho,
e, baixinho, assobiar?
e me preocupar quando, caladinho,
sair a passarinhar?

vou te buscar, passarinho
fique onde está.
que eu não tenho asas
e posso demorar.

Lua

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

olha aquela mulher andando na praia
pedindo ao céu que um anjo caia
pedindo a Deus, pedindo
ver do céu uma estrela caindo
pra saber que não é pecado
castigo ou falta de cuidado
que a vida também desaba
é o lar que se acaba
é o filho que vai embora
é a menina trancada que chora
é, no túnel, o fim da luz
a dor do peso da cruz
e que se vê nos pés descalços
andando tortos, infalsos
se vê no rosto que a lua clareia
é a lágrima que derrama na areia
é o mar que bate na barra da saia
da mulher que passeia
na beira da praia.

Lua

sábado, 26 de dezembro de 2009

virá de olhos pequenos
pequenos membros
depois de meses amenos
a menos que seja dezembro
espero de olhos cansados
como carregassem o ventre
há espera por todos os lados
em cima, embaixo e entre
espero de olhos contentes
enquanto, dentro, fluis
eu (e os queridos entes)
espero meu filho de olhos azuis.

Lua

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

pra lua

O sol que de dia cresce
à tarde vai, desaparece.
É noite, o céu sem lua,
pois igual a da minha rua não tem.

Embora eu não deva merecer,
Mas se um dia tiver ser,
Eu peço,senhor, uma coisa tua:
Se puderes me dar a lua,
tem que ser à que conheço.

Aquela que me lembro,
Viaja sempre em dezembro.
Trás ela aqui no natal?
procure pelo sinal,
que com certeza acha.

Peça que ela dance uma "contemporânea"
E que me mostre aquela risada espontânea
Acho que sabe quem é ela,
pede pra ela vir com "Bela".
que é pra ficar no meu colo.

A minha lua ecreve poesia;
Eu lembro dela todo dia,
traga ela aqui pro meu lado.


Neiclys

(este não é meu, não. Mas é também, rs.)


ó ele aqui ó


terça-feira, 24 de novembro de 2009

ela não está bem
os olhos estão tristes
a cabeça baixa
olhos como quem
procura e não acha
ela não está bem
o olhar está perdido
como quem proura
um filho escondido
brincando pela casa
Ela não acha
os olhos perdidos
a graça, os filhos
o caixa
Eu, fiz o pedido,
paguei a conta
e fui pra casa.

ela ficou lá.
bem não estava.



Lua

quarta-feira, 18 de novembro de 2009


A casa de D. Joana
é bem na frente da minha
uma porta, uma janela
uma parede branquinha
que imita o cabelo dela
que imita a nuvenzinha
que passa agora lá no céu
e quando de tardezinha
é comum se ver por ali
pessoas pequenininhas
na pequena calçada
e me bate uma saudadezinha
apertada, apertada
Ah, D. Joaninha...
que nunca mais a vi
faz uma forcinha
e na tarde que vem
apareça na janelinha
pr'eu ver que tá tudo bem.

Lua
(baseado em fatos reais)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

mona, moninha, mon, etc, etc

Tarde da noite, madrugada
a cidade dorme, tranquiliza
todo sopro parece brisa
e ela está acordada
pensa numa fórmula concisa
de deixar a vida organizada
Dorme, Monalisa
que amanhã, já de dia
carregarás no teu bolso
a cidade que ontem dormia
Vai, Monalisa,
alisa a cabeça do moço
que ele muito te precisa
o teu esforço é uma camisa
de força, de flores no fim do poço
é de lá que você se retira
muitas vezes sem reforço

Peço pelos dias do ano
não desespera nem agoniza
pede à Deus que Ele realiza
tua fé, um oceano
Já entardece e a lua avisa
deixa que a cidade se transforme
agora, só uma coisa, Monalisa
... dorme.
Lua
(da série: aos amigos)

ó ela aqui, ó

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A bandeja é sua quando você pega.
ela sustenta seu prato,
seu copo não escorrega,
deixa tudo organizado...
E sem que nada interfira,
estão você e ela
Amizade de plástico
momentaneamente eterna.
Eis que chega o funcionário,
Destruidor da ordem escolhida,
cavaleiro dos templários,
ou coisa muito parecida,
e lhe tira o objeto que deseja
A ação jamais esquecida
Já não é agora uma bandeja,
é uma célula da sua vida
Foi-se embora num sutil e educado:
"Licença, posso retirar?"
Lá vai ela naqueles braços...
Já não se pode mais enxergar.

Evite sofrimento,
frieza e calculismo.
Grite numa só voz:
"Não. Não ao bandejismo!"


(algumas pessoas entenderão. Outras..)

sábado, 24 de outubro de 2009

Está decretado,
terminantemente,
inter-nacional_
mente, universal:
Ninguém pode mais
dar adeus aos seus pais,
aos seus amigos,
recentemente conhecidos.
Não acene do navio
como um lenço na mão
chorando um rio
que é bem capaz
de ser castigado.
Cuidado, rapaz, cuidado
Não se despeça jamais
de um lugar que goste
E é bom mesmo que aposte
toda alma que você tem
e preocupe-se não com o que vem,
e esqueça tudo na vida
que recorde o que lembre despedida.
Foi por quase dizer adeus
(pular no profundo abismo)
que criei a melhor teoria:
utopia do não-despedismo.
Lua

(ps.: despedistas revolucionários,
por favor, vão embora)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

desfeito São João


Olha pro céu, meu amor
Veja só ele caindo
Olha pro chão que não tem uma flor
Nem ninguém passa sorrindo

Lembro que à noite tinha seresta
Hoje ninguém tem coração
Olho pro céu, brilho não resta
Mesmo na noite de São João

Não há ninguém a cantar
Está vazio o salão
E no terreiro está a chorar
Quem abandonou um coração...
Lua

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Até ontem, tudo bem
Tudo nos seus.
Não chorava ninguém
Hoje, só Deus
sabe da minha prece
"Um dia", "quando",
Não acontece
Não vem
Eu só peço
amanhã
tudo bem.

Lua

segunda-feira, 21 de setembro de 2009


Eu vi um abraço na rua.
mas abraço não é coisa que se sabe
é coisa muito sua
só (à) você cabe
você e a pessoa abraçada
pode ser de chegada
de partida, de saudade
de amasso...
há de ter felicidade
quem ganhou um abraço.

Lua

sábado, 12 de setembro de 2009

recado de geladeira

O que for meu
que ficou na sua casa
(pela amnésia cometida),
em cima da sua mesa,
ou dentro da sua vida,
tudo o que nos reste,
Não dê à ninguém
nem empreste.
(fui na venda)

Lua

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Quando você casar
Não descase de mim
da casa, do lar
Se for o caso, case.
mas não faça descaso
Que eu penso que é fase
E quando casado
cuidado com o calção
Que deixa molhado
Em cima da cama
A camisa na cadeira
Que todo mundo reclama
Cuidado com a tampa do vaso!
Se um dia, sem querer
Esquecer, por acaso.
Cuidado, que brigar
Estraga a mobília
A cama, a mesa de jantar.
Agora só mais um lembrete
Do lado de cá, tem uma chave
Sempre embaixo do tapete.

Lua

domingo, 23 de agosto de 2009

Será que fica,
assim, nessa bendita
vida toda torta?
a alma não se comporta
eu já lavei as mãos
(as minhas, as de meu amor)
a escadaria do Redentor
do Bonfim, da Sé
subi ladeira à pé
rezei pra todo santo
São João, São José
Santo Antônio não aguenta mais
tá pedindo um tantinho de paz
olhe, meu amor
me chegue um tanto quanto
antes, ligeiro, melhor

senão, coitado do santo!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009


Num futuro
vai ser assim
eu, você, você
em mim
mas só,
só se for
bem perto
amor,
não distante
daqui a um
mínimo instante
já, já,
à pouco,
Amar.

Lua

segunda-feira, 17 de agosto de 2009



Deixa as coisas como estão
não mexe em nada
a televisão, a escada
o muro, o portão
a porta de entrada
as sandálias na calçada
o tapete no chão
as pernas estiradas
as mãos...
esquece as mãos
Eu não vou mexer em nada.

Lua

domingo, 16 de agosto de 2009

Um amor desse jeito
O que é que eu faço?
Jogo fora?
Dou as costas
vou-me embora?
De longas datas
Longas praças
Longas horas
Logo, logo, passa
Não demora
Promete o céu
a fauna, a flora
E me chega com tudo
Nas mãos, nos braços
Um amor desse
O que é que eu faço?

Lua

sábado, 8 de agosto de 2009

história de vinil

A casa não era grande
A sala, a cozinha
Muita coisa não tinha
Pequenininha televisão
Mesinha de cabeceira
Tinha uma vida inteira
Pela frente, pelo chão
Tinha amor e carinho
Não tinha ventilador
Vinil era abanador
De Vinícius e Toquinho.

Quando eu nasci, era uma falta de tudo. Nada como é hoje. Nada. E se não fossem meus irmãos para dizer "no nosso tempo não tínhamos o que você tem...", ah, eu não sabia de nadinha não. Eu acabava de nascer. Minha mãe quando ficou grávida de um de nós três, não tinha cama. Dormia no colchão, no chão. Grávidas não dormem no chão. Elas não conseguem. Acho que minha mãe não dormia. Ou então, ficou por uns tempos na casa de alguma tia minha. Acho que foi isso que ela fez. Não tinha muitos móveis, o apartamento era pequeno, a varanda era dividida com os vizinhos, não tinha isso, não tinha aquilo... não tinha ventilador. Dessas coisas, é a que eu mais gosto de ouvir. A gente não tinha ventilador. Mas, tinha mosquitos. Logo que eu nasci, no primeiro dia que dormi em casa, minha irmã não dormiu. Passou a noite me abanando. Não tínhamos ventilador, ora! Ela me abanava com um disco de vinil. Mas não era um vinil qualquer. Era um disco do Vínícius. Vinícius e Toquinho. Eu soube ontem...

Lua

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A nuvem escura
O tempo triste
O barulho da chuva
O dia em contraste
Tudo ficou em pó
A rua, o poste
Lembra quando eu fiquei só
O mesmo tempo em que foste.

Lua

sábado, 1 de agosto de 2009

"...nessa cidade tão cheia de gente
ninguém sabe o que você sente
ninguém quer saber de ninguém."

quinta-feira, 30 de julho de 2009

? [2]

Eu não sei o que quero da vida.
E precisa mesmo querer?
Você, o que quer, rapaz?
Da comida eu quero comer
Do céu eu quero paz
Do país eu quero lei
Do amor eu quero sim
Mas da vida, eu não sei.

Lua

domingo, 26 de julho de 2009

Quem disse que flor de plástico não tem vida?
Quem foi que disse, minha querida?
Te tapa os olhos, engana e mente
Que mesmo não nascida da semente,
Da terra quente, do chão cálido,
Do pólen que traz o vento pálido
É a mesma beleza que causa
No canto da sala, vazio da casa
Imagine o caule e todo cuidado
Do material de onde é retirado
Um caminho natural, imagina
Tudo explodindo matéria-prima
Na pétala assina o bicho-da-seda
E quando ela cai, menina,
A mesma sensação de perda.

24 de julho de 2009, Lagoa Seca - PB
Obrigada, Cláudio.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Caiu um pedaço de céu
Fez um buraco no teto
Destroços no chão da casa
Pedaços azuis de concreto
Com um par azul de asas
Eu voei no azul celeste
Era azul toda a cidade
Os rostos, os olhos, e as vestes
Fiquei azul de saudade
E não me pergunte mais nada
Lembro só do azul da tarde
E que acordei assustada.

Lua

?

Há coisas na vida
Que não perturbam a mente:
O que quero ser quando eu nascer?
Gente.

Lua

sábado, 11 de julho de 2009

Não dorme agora, amor
Que a vida passa num segundo
O sol nasce, deita, a lua cresce
Durante um sono profundo
Imagina o que acontece
O mar abraça a areia
O sol acorda, a lua desce
A casa clareia, a luz invade
Entardece, a lua sobe
Já é tarde, amor
Mas não dorme...

Lua

terça-feira, 7 de julho de 2009


Um espetáculo fracassado
Num teatro antigo
Estará sendo assistido
Por um público enfadado
Nas poltronas vazias
Estão todas sentadas
As almas indignadas
Que foram artistas um dia.

Lua

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Manual de Viagem


Para viajar
é preciso passagem
e depois,
ficar por lá
senão, perde a viagem
E quando for embora
na hora do embarque
olhar bem a tarde
e perder a hora
Pois há quem diga
que um dia volta
mas, viagem
é só de ida.

Lua

terça-feira, 30 de junho de 2009


Eu chorei de saudade
Debaixo do juazeiro.

Eu me lembro a brincadeira
Quando criança, eu e Maria
Brincava todo santo dia
Debaixo da pitombeira
Hoje a dor é verdadeira
Sem Maria sou desinteiro
Ela saiu do meu terreiro
E foi "simbora" pra cidade
E eu chorei de saudade
Debaixo do juazeiro.

Lua.

(reciclagem de poemas,rs)

segunda-feira, 29 de junho de 2009


O nome do meu amor
Eu escrevi em todo canto.

Na parede, no papel
Na madeira do cercado
No chão deixei riscado
E num punhado de céu
No metal do meu anel
Mandei bordar num manto
E até debaixo do Santo
Antônio "casamentador"
O nome do meu amor
Eu escrevi em todo canto.

Lua

(antiga postagem)


sexta-feira, 26 de junho de 2009

Virá logo mais
Comentam pela praça
Anúncios nos jornais
Sem hora nem data
Minuncioso e sem pena
Saiam todos daí
Vai explodir um poema.
Lua

terça-feira, 23 de junho de 2009


Um amor que eu tive
Me deixou assim
Como quem não vive
E levou de mim
Uns bons resquícios:
Um sorriso que eu tinha
A minha paz, inteirinha
E o pior,
Um disco do Vinícius.




Lua


sábado, 6 de junho de 2009

Assim acontece
As pernas andam
e chegam. Estremece
Uma coisa pra falar
Coisa alguma
Da cabeça desce
Coragem nenhuma
Sono e calma
Muita pressa
Pouca alma

Assim começa.
Lua

sexta-feira, 5 de junho de 2009

"Criou-me desde eu menino,
Para arquiteto meu pai.
Foi-se-me um dia a saúde...
Fiz-me arquiteto? Não pude!
Sou poeta menor, perdoai!"

(Manuel Bandeira)

domingo, 17 de maio de 2009

Existem nós, humanos
E os olhos seus
Tão humanos quanto nós
Tanto, que só Deus...
Eles escolhem outros
Dizem adeus também
"Dizem", somente?
Não. Dizem como ninguém
Ninguém para os entender
Mesmo os seus donos
Se não sabe como dizer
Pergunte a eles como.


Lua

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Me deixa pegar na tua mão?

"Me deixa pegar na tua mão?"
Foi o que ela não falou
Ou falou bem baixinho
Que ninguém escutou
Mas não era o que queria, não
Queria, em verdade
Amarrar os laços
Sentir saudade
Sofrer de abraços..
Lua

quarta-feira, 13 de maio de 2009


E hoje, então
Apareceu
Lá no céu
Um sol
Estranho, não?
E eu só...



Lua

sábado, 9 de maio de 2009

- Me fale sobre as palavras.

- As palavras são o que são. (...)
O tédio é uma palavra chata
O porquê é palavra em vão
Nome, idade, endereço
São desnecessárias
Mas (não adianda) eu não esqueço
Sabia que há as que não existem?
Mas, eu confesso
Estas, eu desconheço
Assim como o nada...

- E o amor?

- O amor? O amor é só uma palavra.

Lua

"Palavra quando acesa, não queima em vão
Deixa a beleza exposta no seu carvão..."
(Quinteto Violado)

domingo, 3 de maio de 2009

As pessoas, eu não entendo
Dizem que estão vazias
E escondem suas alegrias
Se voltam contra a beleza
E se doam para a tristeza
Num breve cansaço da mente
E se veem de repente
Sozinhas, no frio
E perdem a calma...

Eu não entendo esse vazio
Se estamos cheios de alma.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

diagnosticamente

A tristeza afeta os braços
O abraço de quem é triste
É sempre muito fechado
Se é que ele existe
Afeta os olhos
Sabe, olhos tristonhos
Estão sempre molhados
Sentem muito sono
E a tristeza nas pernas
Ah, isso é muito comum
Sabemos, pernas tristes
Não vão a lugar algum

Portanto, meu bem
Se sente uma dor
E não sabe de onde vem
Procure um amor,

Um alguém...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Mãos abertas, e os braços
Pés descalços, pé de maçã
Um cansaço, cansaço...
Dormir no espaço
Até de manhã

terça-feira, 21 de abril de 2009

Ame
Ame mesmo
Ame muito
e a esmo
Ame todos
e os demais
o seu vizinho
e os seus pais
Deixe-se amar
sem que nada
interfira
Ame
de verdade...
e de mentira.
Lua

sábado, 18 de abril de 2009




Tudo desconcertado
Em todos os lugares
Trocam-se os olhares
E os olhos estão fechados
A alma ao corpo reveste
Num balé contrariado
Os braços estão cruzados
E os abraços estão prestes...
Lua

quinta-feira, 16 de abril de 2009

São sintomas de felicidade
Esses olhinhos sorridentes
Tremem as pernas agoniadas
Escancaram-se os dentes
As mãos estão geladas
E a barriga nem se fala
Fala o corpo apressado
Mas a boca só se cala
Nasce o sol, cedo e claro
E é estranha a realidade
Sentimos algo muito raro:
Saudade de ter saudade.

Lua
As pessoas são estranhas:
Com pernas e braços...

e uma preguiça tamanha.

sábado, 11 de abril de 2009



Você já escolheu a sua pessoa?
Aquela, pelo amigo apresentada
Ou, numa esquina qualquer
que, pelo acaso, é encontrada
Assim, bem no meio da rua
Ou mesmo em uma calçada,
Você já escolheu a sua?
Aquela pessoa que é só uma
E você pensa que é a errada
E dispensa aquela pessoa
Deixando-a bastante magoada
Sabe essa essa pessoa, não sabe?
Aquela que você pede perdão
E pede a sua mão em seguida
Temendo ouvir um não
Sabe a pessoa da sua vida?
Que diz que a vida dela é tua
E que passam o resto unidas
Você já encontrou a sua?


Lua

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Opinião formada
Ninguém tem
Que sempre vem
Coisa do nada
E deixa atrapalhada
A idéia de alguém.
Pensar que convém
Ter mente fechada
É uma cilada
Não faz nenhum bem
Não leva além:
Dá em nada.

Lua

terça-feira, 7 de abril de 2009

Quando eu crescer, quero ser avó
Com uns cem anos, e ser feliz
Carregar a vida toda na cabeça
E uma lente na ponta do nariz
Para bem enxergar todas as letras
Das histórias que eu tiver que contar
Pra que durmam bem os meus netos
Pra que possam meus filhos descansar
Encher de gente a minha casa branca
Em dia de sexta, sábado e domingo
E no sofá, depois da janta
Eu vejo todos... Sorrindo...

Lua

quinta-feira, 2 de abril de 2009


_Sobre o tempo, filha
É assim mesmo que acontece:
Ele, de leve, vai passando
E, de leve, a gente cresce
Quando se vê, são anos...
(...)
Ah, o tempo que nos conforme...
Entendeu, milha filha?
Agora, dorme

Lua

sábado, 21 de março de 2009


Eu não tinha sonhos grandiosos
Não foi assim que eu quis
Culpa desses estudiosos
Com pensamentos estudantis
E agora, como eu fico?
Como é que eu fico feliz?
Como quem puxa e solta
Peço ao dono do meu nariz
Traz meu sonho de volta...

Lua

sexta-feira, 20 de março de 2009

Sopram os ventos mais leves
Sobre as pétalas do desnorteamento
Doido e belo momento:
Tudo é quanto parece
És agora realeza
Carregando um dom celeste
Então, sonha e veste
De amor a tua miudeza
No teu céu, uma estrela pequena
Brilha de cuidados ao redor
Não há notícia maior:
Há uma flor em Lorena.
Lua

quinta-feira, 19 de março de 2009

Eu acordei mais cedo
Eu fiz café pra você
Eu andei mais rápido
Eu fiz entardecer
Eu perdi a noite
Eu não dormi quase
Eu perdi o medo
Eu cheguei tarde
Eu fiz um escarcéu
Eu consultei cigana
Eu fiz desenho teu
Eu decorei Quintana
Eu parei no caminho
Eu me vi enganada
Eu fiz tudo certinho
E você, nada.

Lua

quarta-feira, 18 de março de 2009


Eu só quero, moço, saber
Já joguei moeda no poço
Pra saber se vai ser nosso
Aquilo que eu vi florescer
No quintal dos nossos sonhos
No caminho desse viver
Por isso, moço, me diga
O que quer da sua vida
Que é isso que eu vou querer.
Lua

segunda-feira, 16 de março de 2009

Foi chegando a noitinha
Depois da tarde gelada
E Maria, coitadinha
Ficou toda abonitada
Botou laço de fita
Um vestido de chita
De saia bem rodada
Sentou na calçada
No escuro brejeiro
Viu a noite constelada
Do sertão inteiro
E assim como o nada
Entrou na madrugada
E seu amor não veio...

Lua

sábado, 14 de março de 2009

depois da sexta-feira, sábado é dia de feira


Dignidade, tomate e cenoura
Mamão, amor e carinho
Conversa, pimenta e cebola
Sal, saúde e cominho
Simpatia, enche a sacola
Abacate e melão na balança
Ternura, pitanga, e acerola
"Leve maçã pra sua criança"
Obrigada, fique com Deus
Tarde, chuva derradeira
Guarda, limpa, e adeus
Cansaço de fim de feira.

Lua

terça-feira, 10 de março de 2009

(...)"Se você ficar limpando a mesa,
Não me levanto e nem pago a despesa"
Noel
Olha só quem vai passando
Lá do outro lado da rua
Achando que a rua é sua
E nela segue mandando
Cuidado, rapaz, cuidado
Quando anda e atravessa
Cuidado que já tropeça
No orgulho ali do lado
Vê se escuta meu recado
Cuidado com o teu engano
Que tem gente já falando
E eu dizendo: cuidado

Lua

domingo, 8 de março de 2009

Tem céu por todo lado
Na noite do sertão

Ontem encheu o riacho
Com a chuva que deu
Chega dá pra ver o céu
De cabeça pra baixo
E de repente eu acho
Na terra, constelação
Da lua, vejo o clarão
Tá tudo alumiado!
Tem céu por todo lado
Na noite do sertão.

Lua
Só tem saudade, quem
Espera a vinda de alguém
Que muito ama, e também
É muito amado
Há um fato confirmado:
Tenho saudade que ninguém tem!

Lua
(pra painho)

quinta-feira, 5 de março de 2009

Quão barulhentos
São estes meus retratos!
Falam-me a todo momento
Dos momentos já passados.
-
E aquela coleção de discos
Tocando a toda hora
Sem ao menos o exercício
De pô-los na vitrola.
-
E aquelas flores lá na sala?
Profissionais cantoras líricas
Cantam sempre em voz alta
As suas canções florísticas.
-
Lua

terça-feira, 3 de março de 2009


De Repentes
____


Eu chorei de saudade
Debaixo do juazeiro
Eu me lembro a brincadeira
Quando criança, eu e Maria
Brincava todo santo dia
Debaixo da pitombeira
Hoje a dor é verdadeira
Sem Maria sou desinteiro
Ela saiu do meu terreiro
E foi "simbora" pra cidade
E eu chorei de saudade
Debaixo do juazeiro.


Lua

segunda-feira, 2 de março de 2009

O nome do meu amor
Eu escrevi em todo canto

Na parede, no papel
Na madeira do cercado
No chão deixei riscado
E num punhado de céu
No metal do meu anel
Mandei bordar no manto
E até debaixo do Santo
Antônio "casamentador"
O nome do meu amor
Eu escrevi em todo canto.

Lua

domingo, 1 de março de 2009

Quando cai do céu a água
Lá pras bandas do sertão

Pouca coisa é tão bonita
Que deixa os "óio" molhado
O braço todo arrepiado
E uma saudade infinita
E o céu de amor grita
A sua prece num trovão
Chega dói no coração
Ver a terra enxarcada
Quando cai do céu a água
Lá pras bandas do sertão.
Lua

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Quanto de amor corresponde
Quem é de fato amado?
Quanto tem de saudade?
Quanto de cuidado?
Será que recebe o amador
O mesmo amor que é dado?
A mesma saudade, o mesmo cuidado
Será que tem de verdade?
Quanto de amor por caridade?
Até quanto de amor engana?
E este que diz sentir amor,
Será mesmo que ama?

Lua

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

É nessa corda meio bamba
que nós, desequilibrados
Fazemos samba

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A mentira não é
Tão feia assim
E as suas pernas
Não são menores
Há mentiras eternas
(há sim)
E estas
São as melhores.

____________

"Todos têm seu encanto: os santos e os corruptos.
Não há coisa, na vida, inteiramente má.
Tu dizes que a verdade produz frutos...
Já viste as flores que a mentira dá?"

(Do mal e do bem - Mário Quintana)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009


Gostar de um alguém
Que não tem coração
Que nem certeza tem
Quero não
E se tem olhos
Que pra mim não são
Que são de ninguém
Quero não
E se tem pés
Que não pisam no chão
E se andam distantes
Quero não
E se tem boca
Que só fala não
Se não fala de saudade
Quero não
Se tem mãos
E nunca estão dadas
Se não tem coração
Quero nada.



Lua

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Amor Bastante

quando eu vi você
tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante

basta um instante
e você tem amor bastante

um bom poema leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto

(P. Leminski)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O que eu quero ser
É tudo o que eu quero
Tudo e nada mais
Eu quero ser o Moraes
Vinícius de amores
Sinceros demais
A pensar eu fico
Ouço tantas canções
Eu quero ser o Chico
Ou a Nara e seus Leões
Quero ser a Elis
Regina e querida
Cantando com o Tom
Feliz da vida
Quero ser o drummond
Durante as tardes
Quero ser o Quintana
E o Mário de Andrade
Quero linhas simples
Curtas e certeiras
Quero ser o Leminski
E o Manuel Bandeira
E a Clarice Lispector
E a Cecília Meireles
Quero todos por perto
Quero ser todos eles
Ah, Eu quero tanto
Eu quero tanto isto:
Olhar os lírios do campo
Que viu o Érico Veríssimo
Tais e quais
O que eu quero ser
É tudo o que eu quero
Tudo e nada mais.

Lua

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

"Nunca amamos alguém. Amamos, tão-somente, a idéia que fazemos de alguém."

(Fernando Pessoa)

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Olhos


Os nossos olhos amam
Muito mais do que nós
Aonde nós não vamos
Lá vão eles sós

São fortes e são dois
Contra mim, que sou só
São malígnos, pois
De mim não têm dó

Olhos de desdém
Assim são os meus
Eu procuro ninguém
Eles procuram os teus.

Lua

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Rua dos desesperados

Amanhã é sim outro dia
Mas é numa dessas noites
(Dessas noites vazias
Onde o amanhã nada vale)
Jamais amanheceria...

Durante estas longas horas
que passam, propositalmente
e cruelmente devagar
Eu comparo a minha mente
Àquela rua sem placa

Sem postes iluminados
Sem o som dos sapatos
Sem alma pra assombrar:

Rua dos desesperados.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Que tristes seriam as paredes
Se não fosse a presença das janelas...
Um poema mais lindo que este:
Se falasse de uma porta no meio delas.

Lua

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

As Flores regadas de amor
Quatro pés descalços no chão
Folhas dançam ao vento, ao invés
De grito, a canção
Com alguns anos, mais alguns pés
Virão pra brincar, mais outros virão
Serão mais roupas no varal
de Maria, Sofia e João
A manhã cheira a café e pão
E a tarde me lembra o aniz
À noite tudo descansa no sofá
Mais um dia feliz
O sol nasceu no mar
Como nascem lírios no chão
Crescem os pés, as mãos, os filhos
Já não cabem no mesmo colchão
Como é linda a vida, e bela
O fim: o único mal
Tudo isso eu vi passar nela,
Na janela do meu quintal.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Já é tão tarde
que se fosse dia
ainda seria...

domingo, 11 de janeiro de 2009


Há os que são deixados
E os que vão deixando...
Cada um com suas orações
Não se mede sofrimento quando
Ambos são os mesmos corações.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Veja bem, meu benzinho
Eu bem que disse, não foi?
Que um dia, devagarinho
Ia acabar o "nós dois"
Veja bem, amor
Foi quando eu disse sim
Que tristeza em mim sobrou
e você dizendo a mim:
Veja bem, meu bem
Não é bem assim
Não esqueci você
Só lembrei de mim.