Eu acordei mais cedo Eu fiz café pra você Eu andei mais rápido Eu fiz entardecer Eu perdi a noite Eu não dormi quase Eu perdi o medo Eu cheguei tarde Eu fiz um escarcéu Eu consultei cigana Eu fiz desenho teu Eu decorei Quintana Eu parei no caminho Eu me vi enganada Eu fiz tudo certinho E você, nada.
Lua
quarta-feira, 18 de março de 2009
Eu só quero, moço, saber
Já joguei moeda no poço
Pra saber se vai ser nosso
Aquilo que eu vi florescer
No quintal dos nossos sonhos
No caminho desse viver
Por isso, moço, me diga
O que quer da sua vida
Que é isso que eu vou querer.
Lua
segunda-feira, 16 de março de 2009
Foi chegando a noitinha Depois da tarde gelada E Maria, coitadinha Ficou toda abonitada Botou laço de fita Um vestido de chita De saia bem rodada Sentou na calçada No escuro brejeiro Viu a noite constelada Do sertão inteiro E assim como o nada Entrou na madrugada E seu amor não veio...
Dignidade, tomate e cenoura Mamão, amor e carinho Conversa, pimenta e cebola Sal, saúde e cominho Simpatia, enche a sacola Abacate e melão na balança Ternura, pitanga, e acerola "Leve maçã pra sua criança" Obrigada, fique com Deus Tarde, chuva derradeira Guarda, limpa, e adeus Cansaço de fim de feira.
Lua
terça-feira, 10 de março de 2009
(...)"Se você ficar limpando a mesa, Não me levanto e nem pago a despesa"
Noel
Olha só quem vai passando Lá do outro lado da rua Achando que a rua é sua E nela segue mandando Cuidado, rapaz, cuidado Quando anda e atravessa Cuidado que já tropeça No orgulho ali do lado Vê se escuta meu recado Cuidado com o teu engano Que tem gente já falando E eu dizendo: cuidado
Lua
domingo, 8 de março de 2009
Tem céu por todo lado Na noite do sertão
Ontem encheu o riacho Com a chuva que deu Chega dá pra ver o céu De cabeça pra baixo E de repente eu acho Na terra, constelação Da lua, vejo o clarão Tá tudo alumiado! Tem céu por todo lado Na noite do sertão.
Lua
Só tem saudade, quem Espera a vinda de alguém Que muito ama, e também É muito amado Há um fato confirmado: Tenho saudade que ninguém tem!
Lua (pra painho)
quinta-feira, 5 de março de 2009
Quão barulhentos São estes meus retratos! Falam-me a todo momento Dos momentos já passados. - E aquela coleção de discos Tocando a toda hora Sem ao menos o exercício De pô-los na vitrola. - E aquelas flores lá na sala? Profissionais cantoras líricas Cantam sempre em voz alta As suas canções florísticas. - Lua
terça-feira, 3 de março de 2009
De Repentes
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Eu chorei de saudade
Debaixo do juazeiro
Eu me lembro a brincadeira
Quando criança, eu e Maria
Brincava todo santo dia
Debaixo da pitombeira
Hoje a dor é verdadeira
Sem Maria sou desinteiro
Ela saiu do meu terreiro
E foi "simbora" pra cidade E eu chorei de saudade
Debaixo do juazeiro.
Lua
segunda-feira, 2 de março de 2009
O nome do meu amor Eu escrevi em todo canto
Na parede, no papel Na madeira do cercado No chão deixei riscado E num punhado de céu No metal do meu anel Mandei bordar no manto E até debaixo do Santo Antônio "casamentador" O nome do meu amor Eu escrevi em todo canto.
Para que vieste Na minha janela Meter o nariz? Se foi por um verso Não sou mais poeta Ando tão feliz! Se é para uma prosa Não sou Anchieta Nem venho de Assis.