domingo, 23 de agosto de 2009

Será que fica,
assim, nessa bendita
vida toda torta?
a alma não se comporta
eu já lavei as mãos
(as minhas, as de meu amor)
a escadaria do Redentor
do Bonfim, da Sé
subi ladeira à pé
rezei pra todo santo
São João, São José
Santo Antônio não aguenta mais
tá pedindo um tantinho de paz
olhe, meu amor
me chegue um tanto quanto
antes, ligeiro, melhor

senão, coitado do santo!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009


Num futuro
vai ser assim
eu, você, você
em mim
mas só,
só se for
bem perto
amor,
não distante
daqui a um
mínimo instante
já, já,
à pouco,
Amar.

Lua

segunda-feira, 17 de agosto de 2009



Deixa as coisas como estão
não mexe em nada
a televisão, a escada
o muro, o portão
a porta de entrada
as sandálias na calçada
o tapete no chão
as pernas estiradas
as mãos...
esquece as mãos
Eu não vou mexer em nada.

Lua

domingo, 16 de agosto de 2009

Um amor desse jeito
O que é que eu faço?
Jogo fora?
Dou as costas
vou-me embora?
De longas datas
Longas praças
Longas horas
Logo, logo, passa
Não demora
Promete o céu
a fauna, a flora
E me chega com tudo
Nas mãos, nos braços
Um amor desse
O que é que eu faço?

Lua

sábado, 8 de agosto de 2009

história de vinil

A casa não era grande
A sala, a cozinha
Muita coisa não tinha
Pequenininha televisão
Mesinha de cabeceira
Tinha uma vida inteira
Pela frente, pelo chão
Tinha amor e carinho
Não tinha ventilador
Vinil era abanador
De Vinícius e Toquinho.

Quando eu nasci, era uma falta de tudo. Nada como é hoje. Nada. E se não fossem meus irmãos para dizer "no nosso tempo não tínhamos o que você tem...", ah, eu não sabia de nadinha não. Eu acabava de nascer. Minha mãe quando ficou grávida de um de nós três, não tinha cama. Dormia no colchão, no chão. Grávidas não dormem no chão. Elas não conseguem. Acho que minha mãe não dormia. Ou então, ficou por uns tempos na casa de alguma tia minha. Acho que foi isso que ela fez. Não tinha muitos móveis, o apartamento era pequeno, a varanda era dividida com os vizinhos, não tinha isso, não tinha aquilo... não tinha ventilador. Dessas coisas, é a que eu mais gosto de ouvir. A gente não tinha ventilador. Mas, tinha mosquitos. Logo que eu nasci, no primeiro dia que dormi em casa, minha irmã não dormiu. Passou a noite me abanando. Não tínhamos ventilador, ora! Ela me abanava com um disco de vinil. Mas não era um vinil qualquer. Era um disco do Vínícius. Vinícius e Toquinho. Eu soube ontem...

Lua

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A nuvem escura
O tempo triste
O barulho da chuva
O dia em contraste
Tudo ficou em pó
A rua, o poste
Lembra quando eu fiquei só
O mesmo tempo em que foste.

Lua

sábado, 1 de agosto de 2009

"...nessa cidade tão cheia de gente
ninguém sabe o que você sente
ninguém quer saber de ninguém."